À flor da pele - Em parceria com Ligia Pansan

Devo confessar que esperava uma maior resistência por parte dela em sair comigo, mas quando ela aceitou meu convite já na minha primeira investida, desconfiei. Não que eu não confie em minha lábia, bem sei que meus métodos são muito eficazes, mas com ela... Não sei, ela tem algo diferente. Ela parece não se importar realmente com o que vai acontecer em nossa noite. Por alguns segundos aleatórios, receio por minha postura. E se eu gaguejar? Oh meu Deus! Jamais me senti assim antes de um encontro. Preciso lavar meu rosto, tomar uma boa dose de whisky e esperar ela no shopping, já está quase na hora e um atraso só me deixaria mais nervoso... Afinal, eu nunca me atraso.

Pontualmente nos encontramos. Algumas deduções minhas foram certas, e isso me deixou mais tranquilo. Tipo, o fato de imaginar que ela chegaria com cheiro de cigarro, a vestimenta e maquiagem dark, a expressão no rosto de poucos amigos... Está última aliás me reservava uma surpresa. Ela me fitava nos olhos, sem medos, sem receios, como que se estivesse esbanjando confiança. Estranho, nosso encontro não era nenhum tipo de jogo mas mesmo assim, tanto ela como eu nos desafiávamos um ao outro, intimamente, apenas com movimentos sutis do corpo...
De súbito, ela já tentou um golpe potente:
- Fala aí poeta! Vamos ficar aqui mesmo ou vamos até alguma biblioteca para você me recitar "O pequeno príncipe?"
Para minha sorte, o signo de Escorpião é meu ascendente, e isso faz de mim uma pessoa preparada!
- Se você fosse do tipo que gosta do "Pequeno príncipe" eu sairia com outras que também gostam e são menos problemáticas!
Ela sorriu, de canto, mas sorriu. Estou na frente! - Pensei em pararmos em um bar e fazermos hora até a festa de um amigo começar, se não se importar te convido a ir comigo.
- Poeta, sou tua essa noite, me leve aonde quiser. Disse enquanto me jogava um olhar extremamente sedutor, e ainda teve a audácia de soltar uma piscadinha. Ela empatara o jogo.
- No seu carro ou no meu? Perguntou ela.
- Por favor, eu dirijo. Depois te deixo aqui para que pegue seu carro de volta.

No bar, no "meu" bar de sempre bebemos whisky e cerveja. Tentávamos conter a embriaguez afinal a noite ainda era longa. Conversamos, e tudo foi bem natural. Reclamamos da vida, expomos nossas revoltas para com o mundo, abordamos política, religião e principalmente conduta social.
Cerca de quase duas horas depois, pedi a conta, ela fez questão de rachar. Era hora então de irmos até a festa de meu amigo.
No caminho, dentro do carro enquanto Kurt Cobain cantava no rádio, ela voltou aos ataques
- Essa festa que estamos indo... É aniversário de alguém? Não quero chegar lá sem presente.
- Fique tranquila Luciana! É uma festa que acontece um Sábado por mês, chama-se "Baile em Sodoma". Ela me olhou desconfiada e eu mantive os olhos no trânsito, sorrindo de leve apenas para provoca-lá
Tocamos o interfone, entramos. Logo na entrada recebemos diversas opções de máscaras para escolher, e ela me perguntou: "Que que tá rolando?"
- Luciana, acredito que alguém como você não iria gostar de uma festa qualquer. Sabe aquelas festas que vemos em filmes, aonde as mulheres andam só de lingerie, há orgias, e o estímulo sexual está em todos os cantos!? Pois bem, bem vinda a um mundo de lascívia e luxuria! Coloque sua máscaras e eu te apresento ao local.
Ela quase hesitou, mas vendo minha confiança no que estava fazendo e dizendo, seguiu meus passos. Apresentei-a para alguns conhecidos, ela começou a se enturmar... Nos separamos, nos encontramos... E já pelas tantas da festa, em uma de nossas encontradas ela me puxou pelo braço. Me jogou contra a parede, segurou meus braços... Cheirava a bebida, cigarro e tenho quase certeza que uma leve mancha branca em sua manga era restos de pó...
- Isso aqui é fantástico! Nunca ia imaginar que um carinha como você curtisse este tipo de coisa...
Ela soltou meus braços, acho que percebeu o quão exacerbada estava a situação. Quase tímida, perguntou "E aê? Qual a boa pra a gente?"
- Minha vez de toma-lá pelos braços e joga-lá de costas a parede. Dei uma mordida de leve em seu pescoço e disse: "Aposto que tem dezenas de rapazes aqui afim de você! Escolha um e vá se divertir!"
- Se eu escolher qualquer um desses, a noite terminará como tantas outras qualquer, é assim que vai terminar um encontro contigo poetinha?
- Então, venha comigo!
Saímos da festa, entramos no carro e pedi que ela me guiasse até a casa dela. Chegando lá, a acompanhei até a porta da frente e disse:
- Luciana, adorei nossa noite! Acredito que podemos marcar algo novamente para irmos, quem sabe mais além. Por hoje, dormiremos apenas imaginando.
- Filho da puta! Sorriu de canto novamente e entrou. Eu, peguei meu carro e fui pra casa.   

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