Pecado ético

Rondei as imediações do meu bar de sempre várias vezes. Ameacei entrar, mas sempre desistia. "Oras, beber uma dose e rever Álvares não é nada demais, vou entrar!" E entrei!
Álvares estava no balcão, e paralisou ao me ver entrando. Sorriu, jogou a toalha que usava para enxugar um copo no ombro e já pegou a garrafa de whisky.
 - Poeta! Achei que estava vendo um fantasma! Faz tempo que não vem, gostaria de saber os motivos de sua ausência, mas presumo que tenha algo mais interessante para contar. Acertei!?
 - Me conheces bem Álvares! O motivo que me traz ao bar novamente é muito mais interessante do que os motivos que me tiraram daqui.
Álvares serviu uma dose e perguntou: "Pois então comece! Como ela é?"
 Bebi um pequeno gole... Balancei suavemente o copo e então virei o resto. - Coloque mais uma Álvares! Mais uma porque ela é aquilo que chamamos de perigo!
 - Ora poeta, você mais do que ninguém deveria saber que todas são!
 - Mas ela é mais! Carrega no dedo uma aliança que faz dela uma moça comportada como Colombina é para Pierrot. Mas me olha como Colombina olha para Arlequim!
Sorri de forma dissimulada, me toca nos braços e me fita nos olhos. Faz manha... Prende o cabelo e me exibe o pescoço como se esperasse meus beijos.
 -  Se ela age assim, ela quer poeta! Por que não!?
 - E a ética!? Como eu poderia quebrar um sagrado matrimonio assim? Prefiro me manter nos pensamentos. Nos pensamentos eu a tenho livre, sacio minhas ânsias de beija-lá, minha vontade absurda de vê-lá somente em peças íntimas, joga-lá contra a parede e esmagar teus seios contra meu peito. deslizar minhas mãos por todo seu corpo... culminarmos nossa noite em um êxtase sem precedentes!
 - Controle-se poeta! Falando assim, qualquer um pode esquecer que isso é apenas imaginação. Você mesmo disse! E a ética!?
 - Pensando bem Álvares, se ela esconder aquela aliança, eu escondo minha ética!    

0 comentários:

Postar um comentário

Lamente-se comigo! =)

Camaradas: