Envolvimento

Eram mais de 5 da manhã, o bar já estava fechado mas eu continuava lá. Havia começado a beber já na madrugada e Álvares tinha percebido que eu precisava daquilo.
Até comecei a lhe contar o que me acontecerá, mas em determinado momento, eu já não me lembrava eu que parte tinha parado e nem o que mais estava acontecendo comigo.


envolver en.vol.ver 
(lat involverevtd e vpr (...) vtd 3 Esconder, dissimular



IV

Ela havia me procurado novamente, desta vez após dois dias do nosso último encontro. Simples e direta, gostaria de me encontrar em um café mas não a noite, queria me encontrar no final da tarde.
Decididos local e horário comecei a me arrumar. O clima já indicava que seria uma tarde incomum. Um dia nublado, com vento frio em plena tarde de Verão. Tentei ser casual, vesti uma calça jeans e um jaqueta preta, leve. Aquele vento era ótimo para eu completar minha vestimenta com minha boina. Fiquei imaginando que, desta vez ela não estaria me deixando à mostra seu ombro ou suas pernas, o que de certa forma me deixaria menos vulnerável.
Que loucura era aquela, eu me perguntava... Eu sentia que nossas conversas fluíam de uma forma muito natural... Interessante, envolvente, intrigante! Ela de certo me fascinava, em muitos aspectos!


Entre tantos desejos que já tive
Um deles faz parte de minha rotina
Encontrar-te em segredo, livre
Descobrir teu corpo de menina

Provoca ao morder o lábio inferior
Olha como quem anseia!
Pelo beijo e as carícias sem pudor
Sem resistir, entregar-se por inteira!

Desejo íntimo, mútuo quem sabe
Inconclusivo jogo de sedução
À ela, lhe falta impulsividade
Mas lhe sobra em curvas de perdição!



Cheguei cedo, reservei mesa para duas pessoas e não demorou muito ela estava lá comigo. Pedimos um café gelado e iniciávamos uma conversa...
Sem novidades, a correria do dia a dia, uma ou outra perspectiva sobre o futuro... E eu entrava em uma conversa com a qual eu não entendia o porquê tudo aquilo estava acontecendo.
Tomei a iniciativa.
 - Preciso lhe dizer, você anda ocupando boa parte de meu tempo. Constantemente eu penso em você! O que está fazendo? Será que está sorrindo? Será que pensa em me ver novamente? Não que seja um problema, mas fico confuso sem saber como eu deveria lidar com isso. 
 - Penso em você também, mesmo quando estou com ele, as vezes quando estou entediada... Se tenho algo em que penso em fazer em qualquer momento do dia, esse algo é dividir um tempo contigo.
Estranho, ela que sempre que media suas palavras, falou de forma tão segura. 
Então ela continuou. - Mas... É complicado! É que... Não! Deixa pra lá...
Aí está! A frase calculada, me instigava a saber! Se tinha algo que eu desejava mais do que ela, era o que se passava em sua cabeça. Claramente estávamos dentro de um jogo de sedução, com flertes indiretos que causavam danos mesmo horas depois. É bem verdade que já havíamos trocado beijos, mas em cada conversa que tínhamos, eu sentia que tinha muito mais que poderíamos fazer. E não estou dizendo de envolvimento físico. Por exemplo, tomar um café vendo o Sol se pôr enquanto conversamos e sou deliciado com sua beleza. Eis um programa que me faz feliz. Não saber se teríamos a noite para nós me deixava inquieto mas isso fazia parte do jogo.
O café acabou, e eu tomado pela vontade de continuar por mais tempo aquele momento resolvi arriscar! Eu que tinha me arrependido de não ter ousado antes, não cometeria o mesmo erro. Lancei minha sorte ao destino e perguntei:
 - Vamos terminar nossa conversa em minha casa desta vez?
 - Ela olhou para baixo, sorriu de canto bem discretamente. Mirou seus brilhantes olhos nos meus e disse: Vamos!
Foram apenas cinco letras, uma palavra! Mas esta única palavra continha uma onda de significados que deixavam transparecer pelos olhos. Sem nada demais ser dito, ela disse tudo! 
Os sentimentos seriam deixados para trás, era a hora de vivermos o momento! Aquela viagem entre o tempo, teria uma escala intensa no presente.
Chegamos em casa, abri a porta e ela entrou na frente, apenas um passo a minha frente. Ela retirava seu leve casaco enquanto eu trancava a porta. Ela andou mais dois passos e eu atrás...
Perguntei se queria beber algo, ela disse não! Perguntei se queria comer algo, e ela negou também! Então, a convidei para sentar.
Ela se virou para mim, ajeitou o cabelo e disse: - Talvez depois - Nesta frase ela deixava bem claro toda sua malícia... E virou-se de costas para mim novamente como quem observava minha casa.
Não conseguia me conter mais, fui para a ofensiva. Coloquei minhas mãos sob seus ombros e iniciei suavemente uma massagem. Sentia seu corpo se relaxando e então ela tirara o cabelo de trás deixando assim sua nuca visível.
 - Você é incrível! E comecei a beija seu pescoço. Ela jogou seu corpo para trás e então estávamos com os corpos colados. Um braço dela jogado para trás me fazendo carícias em meu cabelo, o outro trazia minhas costas com força para frente, fazendo com que nossos corpos ficassem cada vez mais presos um ao outro. Molhava os lábios constantemente e virou-se para mim...
~   ~

Acordei! Sozinho... Na estante ao meu lado, claro, um bilhete!

"Foi exatamente como eu queria, apenas 20% do que temos para viver. Exatamente como eu queria, e quero!"

É isso! Ela só quer me usar...
   

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