Devagar... Devaneio

 - Álvares, vamos! Me sirva mais uma dose, lhe disse que hoje eu precisava beber!
 - Não deveria ir com calma poeta? Não deve estar acostumado com esse ritmo. Sorriu, mas também demonstrou uma certa preocupação em sua fala.
 - Oras! Me ausentei por uns meses, não me ausentei de minha vida! Deixe de bobagem e me sirva, preciso ainda de mais duas doses para poder dizer o que quero esta noite!
 - Sabe poeta, uma vez eu ouvi algo assim - ele parou de falar e retirou de uma gaveta um caderno, abriu em uma página e leu - "Perigoso é o álcool! Que nos ilude com falsa coragem quando em verdade, nos deixa mais vulneráveis". Sorriu. Fechou o caderno e me serviu logo as duas doses.
A esta altura eu que já estava quase me apoiando no balcão, virei a primeira dose, coloquei minha boina, peguei o segundo copo e me direcionei até uma mesa qualquer. Um devaneio, uma surpresa... A beleza, o receio...

Imagem bela. 
Sigo acompanhando, momento dela. Eu disfarçando e ela andando...
Seu caminhar é leve, movimentos sutis como as mãos de quem escreve. Olhar à frente, atenta a tudo... Então me entrego, um devaneio e me desiludo.
Se me aproximo, te subestimo. Reluz teus olhos, me cega o encanto. Tua fala é doce, é como um canto, desejo ousar, mas não me atrevo, guardo a imagem, a noite eu escrevo.

E na madrugada é sempre assim!
Pseudo Pierrot invejando Arlequim. Como ele diria: "Ousa tudo, porque todo o homem enamorado se arrepende, afinal, de não ter tudo ousado."  

0 comentários:

Postar um comentário

Lamente-se comigo! =)

Camaradas: