Tembu Horin - O Tesouro do Céu

Foi assim: Cheguei, e a vi. E nos primeiros segundos já a desejei!
E mesmo não querendo, mesmo não podendo, bastou os primeiros segundos, e já a desejei!
Me mantive distante, evitei a olhar no rosto, sempre procurei olhar para o movimento alheio, houve conversa, mas fiz questão de me manter em minha zona de conforto o maior tempo possível!
Mas o enredo da noite me reservava surpresas, e o pior. Eu estava ciente destas "surpresas"...
No lugar mais oportuno, diante da situação mais provável, lá estava eu! Desejando que aquela pouca mais de uma hora passasse rápido... Mas não passou...
 Estaria abusando do clichê se eu comentasse sua beleza, se faz totalmente desnecessário mencionar sobre tal assunto. Ela vai além do que vemos com os olhos, ela é inteligente e esperta! E tais qualidades, em uma mente que sabe como controlar isso, podem ser fatais!
Um decote de ombro, lógico! Ela sabe que ombros a mostra me fascinam! Com isso, ela dominara por completo minha visão!
Um perfume doce, mais viciante que o ópio! Delírios de prazer para meu olfato... Sua voz, "vaga e fugace, tinha voz de flor, se acaso flor falasse", era a melodia perfeita para minha audição! Com três de meus sentidos dominados, se fazia muito difícil resistir as investidas, lutei! Como lutei! Mas meus instintos já falavam alto, meu paladar queria se saciar com beijos, e meu tato queria sentir a carne dela...
Ela notara que eu resistia, e em função disso mesmo, aumentavam ainda mais a intensidade como me encarava. Eu sabia que fitar ela nos olhos era um perigo, mas se eu não a enfrentasse, perderia a batalha sem nem ter tentado. Arrisquei! Olhei profundamente eu teus olhos... Ali eu me entreguei!
Que olhos! Por Deus, que olhos! Profundos, penetrantes, traiçoeiros... Bentinho os descreveria muito bem: "Olhos de cigana oblíqua e dissimulada, eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada eu sabia!" 

~ ~

"Eu fiquei, sob a noite estrelada, decidido a ousar tudo e não ousando nada...
Vinha dela, pelo ar, espiritualizado numa onda volúpia, um cheiro de pecado...
Tinha a fascinação satânica, envolvente, que tem por um batráquio o olhar duma serpente... E fiquei, mudo e só, deslumbrado e tristonho, sentindo que era real o que eu julgava um sonho! Em redor o jardim recendia. Umas poucas tulipas cor de sangue, abertas como bocas, pela voz do perfume insinuavam perfídias...
Tremia de pudor a carne das orquídeas... Os lírios senhoreais, esbeltos como galgos, 
abriram para o céu cinco dedos fidalgos fugindo à mão floral do cálix longo e fino.
Um repuxo cantava assim como um violino e, orquestrando pelo ar as harmonias rotas, desmanchava-se em sons, ao desfazer-se em gotas! Entre a noite  e a mulher, eu trêmulo hesitava: Se a noite seduzia, a mulher deslumbrava!"

~ ~ 

Não fui capaz de resistir mais, me entreguei, e nos beijamos...
Ai de mim...


2 comentários:

Shaka-yo!

Me deu saudades de ler os textos desse blog, nos quais tb sempre me impressiona quanta coincidência em trechos ou textos inteiros e sentimentos, que eu mesma já imaginei, senti e escrevi em meus cadernos antes de vir ler, sempre coincidindo as datas de postagem com épocas em que também os fiz.

A essência é o que mais impressiona, porém deixo o toque para revisar as postagens quanto à redação em si, errinhos gramaticais e acentuação, na concordância, em conjugações. Tudo tem importância para escrita e leitura limpas e agradáveis, e para melhorar cada vez mais.

Sempre te dando força, torcendo por seus sucessos,

Paula

 

Esse é dez.

 

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